O primeiro
passo para se resolver um problema é reconhecer que há um problema.
Dizer que o
país não está dividido depois da eleição é tentar se enganar e contribuir para
agravar o problema. Culpar o Nordeste, os pobres, os beneficiários do bolsa-família
pela eleição de Dilma é apenas declarar meio sem jeito e sem um pingo de vergonha que não conhece as regras da democracia - ou que não concorda com elas -, ou a simples questão
do um homem, um voto. É colocar o outro em posição inferior. É dizer que eles
não merecem votar.
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As armas, soldados. |
Mas não foram
esses que elegeram o PT. Na verdade, se quiser culpar alguém, culpe aquela
pessoa que não votou, ou votou em branco ou nulo. Foram 29% dos eleitores. Que poderiam
até querer que as coisas mudassem, mas preferiram viajar. Provavelmente este
eleitor era seu amigo, seu vizinho, seu parente, perto de você. Não lá longe do
outro lado do país. Mas este eleitor também decidiu deixar para outro escolher
(independente do que ele ache, foi exatamente isso que ele fez: deixou que os
outros escolhessem por ele).
Esses
eleitores acreditaram que seus votos não iriam fazer diferença, e, com isso, aceitaram
tacitamente que as pessoas que dão valor ao voto decidissem – e, infelizmente
para quem esperava mudar o governo, a maioria dessas pessoas escolheu o PT para
os próximos quatro anos.
Esses
eleitores, cidadãos que tem (ou deveriam ter) os mesmos direitos de qualquer
outro eleitor e que escolheram a continuidade assim o fizeram porque o Estado tem
chegado até eles – com benefícios, discursos, ideologias, ameaças, mentiras,
assistência, colocando-os como cidadãos, levando o Estado até eles, fazendo-os
confundirem os conceitos de governo, partido, estado, acirrando o
neocoronelismo, dando esperança, enchendo-os de medo, criando empregos,
escondendo estatísticas. Não importa: o que importa é que o PT tem chegado até estes
eleitores com eficiência, e conquistado o coração dos mesmos.
Algo que a oposição
não tem conseguido fazer.
Ou tem tentado
fazer apenas em época de eleições.
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Pra que parar na separação do Sudeste? |
A oposição
deveria estar preocupada – e os eleitores da oposição, também – em como fazer
com que as idéias, esperança, ideologias e resultados da sua forma de ver o
país cheguem até essas pessoas – e que elas possam decidir. Devem fazer o
possível para convencer e ganhar corações e votos. Devem estar presentes no
Senado, na Câmara.
Devem estar
presentes não apenas daqui a quatro anos.
Devem demonstrar e se orgulhar de seus feitos.
Colocar a
culpa em uma classe de eleitores é de uma arrogância sem tamanho. É dizer que
seu voto é melhor do que o deles. Eles escolheram conforme as informações que
tinham – aquelas informações que acharam confiáveis. Escolheram aquilo que consideraram
que lhes garantiria o seu conforto. Do mesmo jeito que eu e você. Pode ser que
a informação que eles tinham era só a oficial, ou a oficiosa. Pode ser mentira.
Mas eles decidiram da mesma forma que todos os outros eleitores. E, para
melhorar a qualidade do voto, só mesmo com mais educação, para que o eleitor
(todos) possa filtrar a informação segundo seus próprios critérios.
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Demoramos para chegar aqui. Jogar fora é bobagem. |
Não aceito
pensar em alguém decidindo qual informação posso ter ou não para tomar minhas
decisões. E não aceitar isso para ninguém, seja a Veja, a Carta Capital, a Globo, a Hora do Brasil ou qualquer outra fonte de informação.
Não há culpa. Há lições a serem aprendidas.
Não há culpa. Há lições a serem aprendidas.
Nada mais
resta a não ser aceitar o resultado da eleição, e, democraticamente, começar a
pensar em 2018.
Pensar em jogar
quase 500 anos de união do Brasil por causa de 16 não é só errado. É também uma
demonstração de como nossa democracia precisa amadurecer – como seus eleitores.
David Araújo
Sobre o preconceito paulista, escrevi este post.
Fontes:
Figuras da Wikipedia e
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